segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nunca mais

Molho meu corpo com a água do chuveiro. Esta cai sobre mim e leva com ela todo o sangue que, de minha raiva, saiu. Aquela fumaça quente, tudo apertado, sozinha no banheiro, estou pronta para cometer a maior loucura de minha vida. Que, por sinal, não recebe nem mais o nome de vida!

Família, obrigada por me aturarem desde o início, por me educarem e, para mim, visarem sempre o melhor do mundo. Amigos, obrigada por me mostrarem a esse mundo do qual, hoje, estou partindo. Aqueles que me fizeram sofrer, obrigada por me ensinarem as lições da vida, ensinar o valor de uma lágrima, de uma gota vermelha que sai da pele, de um saudade! Meus professores, obrigada por me encaminharem para um futuro que quebro e trituro com minhas mãos agora. Aqueles que me amaram e não foram correspondidos, obrigada por me mostrarem que eu vali algo para alguém.

Guardo tudo de bom nessa caixa, jogo sobre mim. Coloco tudo numa garrafa, engulo tudo em apenas um gole! Ponho num prato fundo e e devoro como quem devora um almoço após ter ficado dias sem comer. Costuro tudo e, com o pano, me cubro, me escondo.

Procuro não deixar vestígios, pistas, nada! Ninguém tem o direito de invadir minha privacidade, meus medos, meus segredos, meus amores! Procuro ser breve, clara o suficiente, sem enrolações. É assim e pronto! Enfio no meu seio o fim de tudo!

Bênção, bênção, bênção! Não chorarei mais, darei adeus às lágrimas. Não sofrerei mais, nem por amor e nem por nada. Não pedirei mais nada à ninguém, nem gritarei de desespero. Não dependerei mais de ninguém e nem de nada. O sangue corre por mim, há uma dor, uma falta de ar. Desculpas à aquele que feri, perdão pelos meus pecados. Mas é tarde... adeus!

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