sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A um amigo

Querido Álvaro de Campos,

Não sei se me conhece, mas aposto que sim. Para mim, o fato de conhecer uma pessoa é algo muito mais complexo e nobre do que já tê-la visto, com ela conversado e toda aquela ladainha. No meu entendimento, conhecer uma pessoa é ter uma ligação que atravessa todas essas regras e métodos. E é justamente por isso que hoje te escrevo esta carta. Caro amigo, mesmo não tendo oportunidade de te ver, sinto-te como se fosse certo. Já vivemos tantas coisas e passamos por tantos conflitos. E, na verdade, nem sabemos se acabou. Mas, se formos parar para pensar, nunca nos deixaram saber. Em meio a tanta cobrança e julgamento, as pessoas acabam perdendo suas próprias almas e vidas e depois nós é que estamos perdidos. Ou será que, no fundo (ou nem tão no fundo assim), nós nos culpamos de uma maneira tão bruta que acaba tornando-se (e tornando-nos) covarde? Você também acha que é culpa dos outros?

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo
.” Poema em Linha Reta

Creio que todo o tempo que gastei pensando não foi o suficiente. Todas as noites em claro, os poemas de sangue, o banho de lágrimas, nada! Será que nós é que somos loucos? Quer dizer, será que nós, realmente, somos loucos? Talvez sim. Talvez seja por isso que hoje te escrevo esta carta. Contudo, somos gênios, sabemos disso! Talvez isso alimente ou esconda... quem sabe?!

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo
” Tabacaria

Estou tomando seu tempo, Álvaro de Campos? É que eu finalmente encontrei alguém que me entende em cada verso. Os outros não sabem ler as entrelinhas, não sabem ler as minhas, pelo menos. Nós somos gênios, Álvaro de Campos... Gênios! E, por mais que nos percamos enquanto ainda estamos perdidos e choremos por estarmos chorando, seremos eternos, assim como tudo que é alma...

Júlia Marino ?/?/????

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